Ministério da Cultura quer transformar o património da província de Benguela

terça-feira, 30 de novembro de 2010 |

O Ministério da Cultura quer transformar o património da província de Benguela em factor de desenvolvimento do turismo na região.
A intenção foi manifestada pela titular da pasta, Rosa Cruz e Silva, durante a visita que efectuou a Benguela, na mesma altura em que o titular da pasta do Urbanismo e Construção, José Ferreira, fazia o levantamento sobre o que deve ser feito entre os dois sectores.
O Forte de S. Pedro, na Catumbela, o Museu de Etnografia, no Lobito, o Museu Nacional de Arqueologia, em Benguela, o edifício da Açucareira, o Cabo Submarino e as Estações Arqueológicas do Dungo, na Baía Farta, receberam a visita da ministra da Cultura, durante a qual verificou o estado de conservação daquelas estruturas e locais de capital importância para a História da província e do país.
As salas de cinema foram igualmente visitadas por Rosa Cruz e Silva nas cidades de Benguela, Lobito e Baía Farta. A ministra verificou o estado de conservação do velho Cine Monumental, em Benguela, do Cine Baía Farta e do Flamingo, Baía e Nimas-500, na cidade do Lobito.
No interior da província, a ministra visitou o município do Bocoio, a 105 quilómetros de Benguela, com deslocações ao local onde funcionou o antigo posto administrativo da comuna da Chila e ao presídio "Ombongue yo Wango".

Forte de S. Pedro

A fortaleza de S. Pedro, na Catumbela, está muito degradada, o que levou a ministra da Cultura a pedir a colaboração do Ministério do Urbanismo e Construção, na pessoa do seu titular, José Ferreira, para que sejam feitos trabalhos de reabilitação para evitar que o edifício acabe por ruir completamente.
Relativamente às salas de cinema, existem, de acordo com a titular da pasta da Cultura, negociações com empreiteiros para a sua reabilitação. "Estamos a falar do Cine Monumental de Benguela e do Cine Baía, na Baía Farta, e pensamos que as negociações vão permitir que voltem a servir a comunidade", garantiu a governante.
 Rosa Cruz e Silva está igualmente preocupada com as estações arqueológicas do Dungo, onde existem algumas situações a acautelar. "Há necessidade de proteger o espaço e a criação de condições para que o Museu Nacional de Arqueologia, outro monumento classificado que também aguarda por apoios, possa trabalhar sem sobressaltos, mas para que isso aconteça é preciso demarcar e oficializar a sua protecção", alertou a ministra da Cultura.
A Fortaleza de S. Pedro, como monumento histórico, precisa de ser reabilitada para lhe ser dada uma utilização à altura do significado histórico que o local possui. Rosa Cruz e Silva acrescentou que ao transformar o local em museu, outros equipamentos vão ser associados, como forma de atrair o público, incentivar o turismo e as visitas guiadas.

 Intervenção de emergência

A ministra informou que a intervenção de emergência que a fortaleza necessita serve para impedir que as chuvas acabem por derrubar as paredes deterioradas pelo tempo. "Logo seja encontrada uma parceria para a reabilitação do edifício, estamos em condições de organizar e constituir um museu no Forte de S. Pedro", prometeu.
A demarcação das estações arqueológicas, a aprovação dos estatutos dos museus e a sua reabilitação constam das prioridades do sector da Cultura na província de Benguela.
A ministra defende maior autonomia administrativa e financeira ao Museu de Arqueologia, tendo em atenção o facto de ter a categoria de nacional.
"O museu deve ter mais autonomia para realizar as suas acções, uma vez que elas não se circunscrevem à província de Benguela. Existem outras estações arqueológicas de arte rupestre no Namibe, na Huíla, no Huambo, nas Lundas e em outras províncias do país onde o trabalho de pesquisa do Museu deve igualmente incidir", afirmou Rosa Cruz e Silva.
A ministra da Cultura aproveitou a oportunidade para convidar os jovens estudantes universitários a abraçarem a carreira de pesquisadores arqueológicos, para garantirem uma efectiva preservação do imenso e rico património da província de Benguela.   As salas de cinema das cidades de Benguela, Lobito e Baía Farta estão quase todas degradadas pelo tempo, má utilização e manutenção deficiente.
O Cine Benguela é a única sala que dá mostras de ter sido objecto de obras. Apesar de não estar ainda concluída, a reabilitação alterou de uma forma visível a traça original da sala de cinema.
O Cine Teatro Monumental, mesmo com traços visíveis de degradação, mantém de pé o objecto para o qual foi criado: "exibição de filmes e sessões de teatro".
No Lobito, o Cine Flamingo perdeu o ar da sua graça ao deixar de exibir filmes, mas continua a preencher as noites do bairro do Compão, devido à soberba vista sobre a Restinga. O cúmulo da degradação está no Cine Baía, na Caponte, e  no Nimas-500, no Compão.
O Nimas tem o estatuto da mais moderna sala de cinema da província de Benguela. Foi construída nos finais dos anos 70, mas do passado apenas sobrevive o nome. Invadido por águas putrefactas, o Nimas-500 é hoje o símbolo acabado de degradação.
Quem responde pelo edifício diz que a culpa é dos inquilinos que a Edecine colocou a viver no local. Mas seja de quem for a culpa, o Nimas-500 pode ruir, se não forem tomadas medidas urgentes. O Cine Imperium é o único na cidade do Lobito que, apesar de já não exibir oficialmente filmes, mantém as portas abertas para conferências, sessões de teatro e outras realizações lúdicas, sempre sob o olhar atento da direcção do Caminho de Ferro de Benguela, empresa proprietária da sala.O facto de existirem entidades individuais e colectivas interessadas em reabilitar e explorar as salas de cinema existentes na província abre expectativas para que as salas de cinema voltem a cumprir a sua função social.

Valores culturais


A ministra da Cultura assistiu no Bocoio a uma mostra de danças e trajes tradicionais dos povos Tchissandji, Tchivula e Balekete e a uma exposição de artesanato que simboliza a arte dos povos que habitam o território do município. Rosa Cruz e Silva admitiu que existem valores da cultura da região do Bocoio que não são conhecidos pelas autoridades culturais angolanas.
Rosa Cruz e Silva reconheceu igualmente não existirem no município do Bocoio espaços para o desenvolvimento de actividades culturais, o que levou a que a sua visita à região fosse igualmente de estudo de projectos para a construção de espaços onde seja possível realizar mostras de artesanato local.
A ministra apelou à realização de feiras de artesanato, tendo convidado a população a aliar o trabalho artesanal às festividades do município e da província, e  à promoção de festivais de dança aliados a exposições de artesanato.
"Vamos contribuir para dar a conhecer o Bocoio a Angola e ao mundo", prometeu. A ministra referiu que é preciso conhecer com mais pormenor as necessidades de recursos humanos e de equipamentos, no Bocoio.

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