História da Província de Benguela [Parte I]

domingo, 21 de novembro de 2010 |

BENGUELA - DESCRIÇÃO GERAL

          
Benguela é uma Província, com sede na cidade de Benguela. Ocupa uma área de 39 826 km² e tem cerca 2 000 000 habitantes. É constituída pelos seguintes municípios:
  1. Benguela,
  2. Lobito,
  3. Bocoio,
  4. Balombo,
  5. Ganda,
  6. Cubal,
  7. Caimbambo,
  8. Baía-Farta,
  9. Chongoroi. 

Superfície
39.826,83 Km2, uma complexa combinação de planaltos escalonados, cortados por vales e rios, completados com depósitos diferentes pela sua potencialidade e composição. Característicos são os vales de rios secos, que acumulam as águas no período das chuvas, bem como as colinas monolíticas isoladas. Esta parcela territorial é drenada por alguns cursos de água que confinam em quatro bacias hidrográficas - do Cubal, da Handa, da Catumbela e do Coporolo, de definem vales importantes na faixa litoral da província (Canjala, Hanha, Catumbela, Cavaco e Dombe Grande). Vegetação é dominada por formações de estepe na zona ocidental e formações de florestas abertas (mata de panda) e savana mediamente arborizada, nas zonas mais interior da província.
População
2.000.000 habitantes, densidade:50hab/km². Estima-se que 70% da população está actualmente concentrada no litoral.
A província conta com o surgimento de Associações e cooperativas como a Caixa Mutualista dos Funcionários Públicos e a LARBEN, (Cooperativa Habitacional Social da Província de Benguela) que vêm dar um sinal para o impulso na resolução de problemas habitacionais, sobretudo de residências económicas.
Clima
Ao sul tem um clima Tropical semi-desértico enquanto que a norte da província se verifica um clima tropical húmido. "Mesotérmico" na faixa interior subplanalítica, com regime hídrico do tipo moderadamente chuvoso. Temperatura máxima 35,0º, a média 24,2º e a mínima 10,4º; humidade relativa 79% e, preciptação média anual 268mm. Solo de fertilidade variável, algumas reservas minerais disponíveis ao longo do litoral que vai diminuindo a medida que se caminha para o interior, principalmente aproximando-se das regiões planalíticas.



Construção  
 A actividade continua a ser marcada pela reduzida oferta de obras nos últimos 3 anos. Fruto da disponibilização de recursos nos programas Bónus de petróleo, FAS, PAR, PDHI, PRC, e outros, permitiu gradualmente assistir-se a uma relativa melhoria dos níveis de prestação de algumas empresas o que concorre para o aumento da sua capacidade de prestação de serviços, assim como, de novas empresas tanto no ramo de construção como de estudos, projectos e fiscalização de obras públicas.
A província conta com mais de 8 dezenas de empresas na vertente construção civil e obras públicas e 1 dezena na vertente estudos,projectos e fiscalização.
Transporte
A principal económica da Província reside na existência do Porto do Lobito e na linha de Caminhos de Ferro de Benguela (CFB). A revitalização destas 2 unidades económicas criará efeitos multiplicadores não só na Província, mas em toda a região Centro e Leste servidas pelo CFB e pelo Porto Marítimo.
Os serviços de transportes de passageiros e mercadorias, feito por operadores públicos e privados, é deficiente devido ao mau estado de conservação da frota e falta de capacidade financeira para a sua renovação. Contudo, e com o advento da paz a circulação de pessoas e bens já se faz com a devida segurança.

Comércio
O comércio na Província beneficia da localização do porto marítimo na cidade do Lobito, com influência no comércio do interior do país, situação de privilégio por estar a beira do ponto do eixo que liga o sul e outros pontos do país, e ainda a principal entrada de mercadorias do sul.
A actividade comercial está caracterizada pelo comércio formal e o informal, que é desenvolvido com alguma regularidade nos municípios do litoral, nomeadamente Lobito, Benguela e Baia Farta.
Os agentes comerciais estão descapitalizados, factor este que não permite o relançamento desta actividade ao nível dos Municípios, Com unas e Vilas do interior da província.

Sistema Financeiro/Bancário e Seguros
Os serviços bancários marcam já alguma presença e estão concentrados nas localidades do litoral 15 balcões.
A Província tem representações dos seguintes bancos:
 1 Banco Nacional de Angola;
 6 balcões do Banco de Poupança e Crédito, dos quais 4 são balcões normais e 2 da rede azul;
 2 balcões do Banco de Comércio e Indústria;
 2 balcões do Banco de Fomento e Exterior;
 2 balcões do Banco Totta & Açores;
 2 balcões do Banco Africano de Investimento - BAI.
Obs. Carece fontes

O Fundo de Desenvolvimento Económico e Social - FDES, tem financiado projectos de apoio aos sectores das pescas, agricultura, industria e transportes e construção civil. Actualmente financia 29 (vinte e nove) projectos no valor de cerca de 7,5 milhões de dólares.
A Actividade seguradora é garantida por 2 delegações da ENSA, sendo uma em Benguela e outra no Lobito.


MEDIDAS, ACÇÕES E EMPREENDIMENTOS
 Sendo de considerar uma execução normal do presente programa para o biénio 2003/2004, o mesmo contribuirá totalmente para a concretização dos objectivos preconizados e estratégia definida, já que serão melhorados os serviços: educação, saúde, assistência social e proteção aos grupos vulneráveis (crianças, idosos, diminuídos físicos, antigos combatentes); abastecimento de água potável, fornecimento de energia, reparação de ruas, jardins, passeios e locais de recreio, limpeza e saneamento do meio; dos resgistos, notários, identificação civil e criminal e repartições físcais; de prestação e atendimento ao público em geral com a melhoria das condições de trabalho de todas as direcções e serviços de apoio, e; apoiar a campanha agrícola.
Distâncias em km a partir de Benguela: Luanda 692 - Sumbe 208 - Lobito 33;
 Indicativo telefónico: 27.

Turismo  
São famosas as praias de Benguela: Na cidade do mesmo nome temos a Praia Morena, Baía Azul e Caotinha, e no Lobito a praia da Restinga.
Pode-se ainda assinalar lugares históricos dignos de visita como Fortaleza de S. Sebastião no Egipto Praia, o forte de S. Pedro na Catumbela.
Centro piscatório situado no município da Baía-Farta é igualmente uma fonte de receitas para o estado angolano, que se alimenta com a produção piscatória (peixe fresco e seco) e ainda o produto transformado como a farinha de peixe.
Existem controlados 17 agentes promotores de espetáculos e um total de 250 áreas recreativas, assim distribuídas: 9 boites, 50 discotecas - dancing, 24 centros recreativos, 3 salas de jogos, 113 clubes de vídeo e 24 audições musicais. A província possui 10 bibliotecas, congregando 23.511 obras. O número de artesões por tipo de matéria prima trabalha ronda a volta dos 528. Estão inventariados 16 e classificadas um total de 30 monumentos, sítios e zonas históricas.
Conta com 5.346 km de estradas, a ligação com as províncias limítrofes é feita de estradas asfaltadas, excepto com a do Namibe no troço Dombe Grande - Lucira, em estrada terraplanada. Ao nível do Municípios do interior, cerca de 132 pontes e 1.383 Km de estradas secundárias e terciárias esperam reparações.
Caminho de Ferro constitui para a Província, e não só, elemento catapultador fundamental para economia. Em restauração o caminho de ferro no troço Lobito-Cubal e têm obedecido um curso normal. A principal base económica da província reside na existência do Porto do Lobito e na linha Caminhos de Ferro de Benguela (CFB). A revitalização destas 2 unidades económicas criará efeitos multiplicadores não só na Província, mas em toda a região Centro Leste servidas pelo CFB e pelo Porto Marítimo. Todos os municípios contam com aeródromos, mesmo em fase de reabilitação.
Portos e Aeroportos
O Porto do Lobito conta hoje com equipamentos e infra-estrutura modernas e preparado para o tráfego que se avizinha, a província conta com 3 aeroportos principais, em Benguela, Catumbela e Lobito, com maior destaque para o da Catumbela concebido para receber aeronaves de grande porte.
Os programas de reabilitações destinam-se mais urgentemente a: da central hidrelétrica do Lumaum 65 MW, do Biopio 14 MW (em curso), aquisição de duas turbinas a gás de 25 MW cada, para instalação na Quileva, linhas de transporte, e reabilitação da linha de média, baixa tensão e iluminação Pública. Também domínio das águas no litoral, estruturas de captação, armazenamento e tratamento de água.
Correios e Telégrafos têm-se a ANGOLA TELECOM, confinados na faixa litoral nomeadamente em Benguela, Lobito, Catumbela e Baia Farta. Para o interior as comunicações são asseguradas pelos serviços de tele-cominicações administrativas da INATEL, por via Rádio.
Os transportes colectivos urbanos nas cidades de Benguela, lobito e Baia Farta são assegurados por empresas privadas, detentoras de frotas não superiores de 5 autocarros cada, e a maior parte é assegurada por viaturas do tipo Toyota Hiace. As ligações inter-municipal e inter-provincial são garantidas por operadoras distintas.


História-Cultura
Podemos afirmar que a população maioritária desta província se reparte pelos grupos Ovimbundu, e em grupos menores pelos pastores do grande Grupo Herero, os Mundombe. Estes ocupam sobretudo as terras ao sul do rio Kuporolo, sendo na localidade de Dombe Grande onde hoje, podemos encontrar os representantes deste grupo. A sua vocação pastoril é também testemunhada nas pastagens que ainda hoje alimentam a produção de Bonivicultura de carne nesta Província.
As duas cidades principais, são Benguela e Lobito. Esta última cidade assume uma importância capital no desenvolvimento da província, pois é servido por porto de grande calado, o Porto do Lobito. Trata-se de um empreendimento de grande valia pelas possibilidades económicas que oferece, como a ligação que se estabelece nesta região do continente, e com o resto do mundo, ou ainda o Caminho de ferro de Benguela através do qual se intercâmbiam as mercadorias do interior com o litoral e contribuem igualmente na optmização das relações interegionais. Através desta rede de transporte a República da Zambia e a República Democrática do Congo podem mais facilmente escoar os seus minérios (cobre) até ao porto do Lobito, de onde partem para os mercados internacionais.
Entre as duas cidades encontramos a histórica vila da Catumbela, que é banhada por um rio do mesmo nome. Nesta localidade podem-se apreciar locais históricos como sinal da resistência das populações autóctones nos tempos da ocupação portuguesa.
Catumbela seria uma das localidades a ser inicialmente visitada pelos viajantes portugueses que se batiam nos mares para atingir as Índias.
Na Baía das Vacas, começaram, por volta de 1601, os primeiros desembarques de portugueses, atraídos por uma aparente riqueza pecuária. Pouco depois, Manuel Cerveira Pereira motivado peias lendas de riquíssimas minas de prata e cobre da região, funda S. Filipe de Benguela que passaria a ser a base de penetração para o interior.
Foi péssima a localização de S. Filipe, cercada de pântanos, era fatal para grande parte da população, que sucumbia das piores moléstias.
Ruindo estrondosamente, o s0nho das minas de prata de Cambambe, o cobre de Benguela tomou-lhe o lugar, nas mentes exaltadas dos pesquisadores das grandes riquezas do subsolo. A qualidade do cobre, no entanto, não era a melhor, passando o grande negócio a ser a permuta de géneros com as populações do interior.
A conquista do então Reino de Benguela, a fundação da cidade e a sua evolução pelos sécuios XVII, XVIII e XIX, foi do mais atribulado. O mau clima, as más condições económicas e outros defeitos cincunstânciais para isso contribuíram, assim como o ambiente da sua fundação e primeiros anos de vida.
Nos fins do século XIX e princípios do século XX, pode-se mesmo afirmar que a situação se firmou estacionária. Eis porém, que a colonização iniciada em Benguela, rumo ao interior, para o sul e principalmente leste, começou a surtir efeitos. As caravanas de intercâmbio comercial, movidas pelas permutas de géneros coloniais com interesse para o exterior com artigos vindos da Europa (tecidos. vinhos e miudezas) começou a fazer sentir os seus efeitos. O pouco peixe seco que se produzia e o sal muito contribuíram para isso também, permitindo a permuta com produtos do planalto: cereais, cera, borracha e marfim (ao princípio), rícino, mandioca, gado e sisal, Benguela começou a ser considerada como o porto comercial mais importante a seguir a Luanda; era o ponto de partida e chegada das caravanas de permuta.
Mombaka (na designação dos nativos significava Benguela) era símbolo de prosperidade comercial e a meca dos negociantes.

Nova vida começa e à sombra deste clima vão surgindo povoações, vilas, cidades, intermediárias e centros de produção de géneros do interior: a finalidade era Benguela,e de Benguela saíam a maior parte dos colonos que em direcção ao Leste iam fundando cidades. 
Começa a ser conhecido o mito de Benguela Cidade, Mãe de Cidades; nasceu Catengue, Ganda, Cubal, Quinjenje, Cuma, Longonjo, Lépi, Caála. Depois o Huambo transformou-se graças ao sonho imortal de Norton de Matos na cidade de Nova Lisboa; mais para o interior e sempre para Leste, Bela Vista, Chinguar e Silva Porto (Cuíto). À volta de cada uma destas localidades, outras se vão formando. Um dos mais valiosos contri- butos dados a esta penetração foi sem dúvida essa obra de valor internacional. implantada carril após carril, por milhares de quilómetros, descobrindo novos caminhos, melhores regiões para um povoamento de fixação mais eficaz, essa obra que é o Caminho-de-Ferro de Benguela.
Pela necessidade que se começou a fazer sentir de um porto e pelas condições formidáveis que se encontraram na antiga Catumbela das Ostras do tempo de Manuel Cerveira Pereira, nasceu o Lobito. A criação deste porto e desta cidade, veio confirmar a importância do fenómeno da colonização feita a partir de Benguela, numa extensão de cerca de 1300 Km, do litoral à fronteira. Mas a crise em Benguela, quando o comércio com o nativo começou a ficar disperso, causticou.
A situação económica piorou a seguir à derrocada da cotação internacional do sisal, produzido nos arredores, a seguir à última guerra mundial. A praça de Benguela trabalhava em grande escala com o sisal das regiões vizinhas do interior e grande parte dos seus capitais se perderam com essa descida de cotação. Foi então que Os restos mortais desses capitais correram a dirigir-se para outro rumo: a pesca. A costa de Benguela era um manancial autêntico; os barcos vinham carregados de peixe e o peixe era dinheiro certo. Começou a correr o dinheiro em abundância, chegavam os trabalhadores do mar de Portugal que aqui se fixavam, iniciou enfim o reinado das pescarias. Dos lucros se começaram a fazer casas e mais casas, prédios pequenos e grandes, abatendo-se aos poucos as velhas construções de adobe. Em 1948 o plano de urbanização de Benguela entrou em vigor. Deve-se à indústria piscatória o ressurgimento, embora que tardio, de Benguela, num salto para o progresso nunca antes igualado.
As demonstrações de carácter cultural e social têm sido relevantes através dos tempos. Benguela foi a pioneira do jornalismo em Angola e berço de atletas e equipas que fizeram história no desporto angolano. Nos arredores de Benguela situa-se um conjunto de praias, das mais interessantes. Caóta e Caotinha, Baía Azul e Baía Farta são os seus nomes e em todas elas a pesca desportiva e a caça submarina encontram condições ideais.
Na Baía Azul encontra-se infra-estrutura turística e na cidade de Benguela, o Mombaka lidera a hotelaria.



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